terça-feira, 18 de novembro de 2008

.Uma janela para o futuro

No dia 4 de Novembro realizaram-se as 56ª eleições presidenciais nos EUA, opondo no final Barack Obama (a representar os democratas) a Jonh McCain (representante dos republicanos).
Nos primeiros meses de 2007 iniciaram-se as pré-primárias nos EUA, tempo de recolher fundos e doações. Os seis candidatos que mais se destacaram neste período foram Obama, Romney e Clinton, angariando mais de 20 milhões de dólares, e Edwards, McCain e Giuliani, com um total superior a 12 milhões de dólares. Aqui se iniciou a "escavar" um fosso entre estes seis candidatos e todos os outros que pretendiam alcançar a presidência.
Já neste ano ocorreram as primárias, acompanhadas em todo o mundo e por todos os meios de comunicação imagináveis. Todo o processo das eleições foi acompanhado por canais informativos como a CNN ou SkyNews e todos os passos dados pelos candidatos eram tornados públicos pelos media, para que todo o mundo se mantivesse informado. Depois de meses seguidos de eleições primárias decidiu-se, por fim, no dia 3 de Junho de 2008 Obama tornou-se o candidato oficial dos democratas. Aqui é importante frisar que qualquer que fosse o candidato democrata a prosseguir (Hillary Clinton ou Barack Obama), história seria feita se um deles chegasse ao poder: o primeiro presidente negro da história da América ou a primeira presidenta dessa mesma história. Após o seu afastamento das eleições, Clinton afirma estar disponível para se tornar na Vice-Presidente na equipa de Obama, mas este escolheu Joe Biden, enquanto que o seu adversário directo, John McCain, optou por tornar Sarah Palin candidata à Vice-Presidência.
Como sempre na história dos EUA, estas eleições estabeleciam uma divisão já tradicional: os estados do interior, especialmente do Sul, mais virados para o candidato republicano, e os estados do Norte, mais liberais, mais apoiantes de Obama. Tudo isto levou à incerteza em todas as sondagens, havendo ligeiros desvios do "ponto de equilíbrio" e muitos votantes indecisos, capazes de fazer tender a campanha para qualquer candidato.
Ao mesmo tempo, vários foram os programas humorísticos que se dedicaram a satirizar as eleições, um dos exemplos mais famosos é o "Daily Show", que dedicou uma época às eleições. Alguns foram mesmo criados com este fim, como o "Barely Political", um site completamente dedicado à sátira das presidenciais. Mas não só programas americanos, em Portugal também se fez notar a sátira acerca das eleições, em programas de humor como "Os Contemporâneos".



(exemplo do Barely Political)



(As notícias da NBC falam sobre as influências do Daily Show sobre a política)




(Sketch do programa televisivo "Os Contemporâneos" em que se adapta a figura de Obama a Portugal)

Finalmente, após meses de espera chegou o dia, o grande dia, o dia 4 de Novembro, o dia em que milhares de americanos se moveram em direcção às urnas para votar, o dia em que o novo presidente dos EUA iria ser eleito e em que novas janelas se poderiam abrir para um mundo melhor. Numa transmissão em directo da CNN e SkyNews por todo o mundo, com actualizações constantes, estas eleições foram algo sem precedentes. A CNN chegou a utilizar, pela primeira vez, um holograma de uma jornalista. Foi, sintetizando em quatro palavras, uma noite de história. Com uns esmagadores 52% tudo se resolveu na primeira volta: Obama foi eleito o novo presidente dos EUA. Celebrações realizaram-se por toda a América. Agora, mais do que nunca, os olhos estavam postos na América. Fez-se finalmente história na América. Depois de um ano a colher fundos, depois de 55 eleições, de 43 presidentes e de muito suor, sangue e lágrimas ao longo da história, um cidadão afro-americano acabava de alcançar o poder. 40 anos depois da morte do maior defensor dos direitos humanos da América, Martin Luther King Jr, Obama e a América finalmente realizaram o sonho de um homem que deu tudo, incluindo a vida, pela defesa da sua Terra e dos seus compatriotas. Hoje, não só "(...)nas vermelhas encostas da Geórgia os filhos dos antigos escravos e os filhosdos antigos donos de escravos(...)" conseguiram "(...)sentar-se juntos à mesa da fraternidade.", não só os negros não são "julgados pela cor da sua pele, mas sim pelo conteúdo do seu carácter." e não só "no longínquo Alabama, com os seus tenebrosos racistas, com o seu governador de cujos lábios brotam palavras de interposição e de aniquilação;(...)precisamente no Alabama, os meninos pretos e as meninas pretas(...)" podem "(...)dar irmamente as mãos aos meninos brancos e às meninas brancas." (Discurso aos participantes na Marcha Sobre Washington pelo Emprego e pela Liberdade, Martin Luther King Jr) ; tudo isso e muito mais: um homem, um cidadão americano negro alcançou a presidência dos EUA.


Há 40 anos um homem tinha um sonho. Hoje em dia, podemos realizar esse sonho? Sim, nós podemos!

40 years ago, a man had a dream. Today, can we make that dream come true? "Yes we can!"




(Discurso aos Participantes na Marcha Sobre Washington pelo Emprego e pela Liberdade de Martin Luther King Jr)




(Discurso de Barack Obama na noite das eleições)




(Música de apoio a Barack Obama)

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